2011-12-26

Para sair da Crise é preciso romper com a troica e obrigá-la a negociar a dívida.

Para o politólogo belga, Éric Toussaint, a dívida de Portugal à Europa e ao FMI é ilegítima e deveria ser renegociada. O grande problema da crise, defende, não está nos estados, mas nos bancos. (Hoje no Público)
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Éric Toussaint não está optimista, mas tem uma visão diferente da actual crise e do que fazer para sair dela. O politólogo e professor universitário belga esteve recentemente em Lisboa para ajudar a lançar a iniciativa por uma Auditoria Cidadã da Dívida Pública. Experiência não lhe falta. É presidente do Comité para Anulação da Dívida do Terceiro Mundo e fez parte da equipa que realizou, entre 2007 e 2008, a auditoria sobre a origem e destino da dívida pública do Equador, ao servico do novo Governo de esquerda do país, num processo que levou ao julgamento de vários responsáveis políticos e à decisão unilateral de não pagar parte da dívida equatoriana. Acredita que o mesmo pode acontecer na Europa. Mas isso implica romper com as exigências da troika.
Depois das decisões que saíram da última cimeira europeia acha que a crise da divida está próxima do fim?
Esta é uma crise que vai durar 10 ou 15 anos, porque o problema fundamental não é a divida pública, mas sirn os bancos europeus. E não estou a falar dos pequenos bancos portugueses ou gregos. 0 problema é que os grandes bancos - Deutsche Bank, BNP Paribas, Credit Agicole, Société Generale, Commerzbank, Intesa Sampaolo, Santander, BBVA - estão ã beira do precipício. Isso é muito pouco visível no discurso oficial. Só se fala da crise soberana, quando o problerna é a crise privada dos bancos. Está a referir-se à exposição dos bancos à divida pública de alguns paises do euro? Não, não é a exposição à dívida soberana, mas sim a derivados tóxicos do subprime [crédito de alto risco]. Está a ocultar-se que todo o conjunto de derivados adquiridos entre 2004 e 2008 continuam nas contas dos bancos, porque são contratos a 5, 10 ou 15 anos. Somente quando o contrato chegar ao fim é que se vai descobrir a amplitude da toxicidade e das perdas, visto que as contas actuais dos bancos mostram esses avaliados, não ao valor de mercado, mas ao valor facial, do contrato. Foram, aliás, esses problemas com os activos tóxicos que geraram os da dívida soberana. Em 2008, quando os bancos deixaram de conceder crédito entre si, o investimento mais seguro era comprar títulos da dívida soberana e os mais rentáveis eram da Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália. Então, os bancos compraram muitos títulos para substituir os derivados que tinham. Agora, têm os dois, porque não conseguiram desfazer-se dos primeiros. Mas é totalmente falso dizer que o problema actual é a dívida soberana. É a soma dos dois.
Há, contudo, uma crise da dívida, que obrigou a Grécia, Portugal e a Irlanda a pedir ajuda. Como é que avalia a resposta que foi dada para estes países com os planos da lroika?
Esses planos vão piorar a situação desses países, isso é absolutamente claro. A redução maciça das despesas públicas e do poder de compra da maioria da população vai diminuir a procura e as receitas fiscais e provocar ainda mais necessidade de o país se endividar para pagar a divida. Tanto a política da troika na Grécia, Irlanda e Portugal, como a política da Comissão Europeia e dos países do Centro, como a Alemanha e a França, vai provocar mais recessão. A própria Alemanha vai ter problemas, porque precisa de ter quem compre os seus produtos.
Qual seria a solução? Uma reestruturação da divida?
Em Portugal a reestruturação está muito na moda, mas não gosto dessa palavra. Na história da dívida, a reestruturação corresponde a uma operação totalmente controlada pelos credores. Quando o devedor quer tomar a iniciativa, tem de suspender os pagamentos da dívida, para obrigar os credores a sentarem-se à mesa e discutir condições. Uma reestruturação é o que a troika vai fazer na Grécia, impondo um corte de 50% na dívida dos bancos privados, em troca de mais austeridade no país. Contudo, sem redução da dívida à troika, que se tornou o maior credor da Grécia e, ainda por cima, privilegiado, este tipo de reestruturação só alivia de maneira conjuntural o pagamento da dívida. Não é uma solução de verdade.
Que solução seria essa?
Sei que esta ideia está fora do debate público, mas, para mim, se um país quiser sair desta crise, tem de romper com a troika. Tem de dizer: senhores, as condições que nos impõem são injustas e não nos servem a nível económico.
Mas se Portugal ou outro país disser isso, não terá de sair da zona euro?
Não acho que seja automático, mas é claro que é complicado. A Alemanha beneficia com o euro, pelas suas exportações e inclusive pelos empréstimos a Portugal. Quando vai financiar-se ao mercado, a Alemanha paga 1%. mas empresta a Portugal a 5%. Não é generosidade, é um bom negócio para a Alemanha. O que Portugal precisa é de uma política soberana em que o Estado declarasse não querer sair da zona euro, mas dissesse que as condições impostas pela troika são inaceitáveis para os cidadãos e para o interesse do país. Caso contrário, a troika só fará mais exigências, que não permitirão ao país sair da situação em que se encontra. Se Portugal disser não à troíka, esta seria obrigada a sentar- se à mesa e renegociar a dívida e as condições que impõe. E não me parece que a troika queira a saída de um país do euro.
Como se insere neste processo a auditoria à dívida pública?
A auditoria é um processo promovido sobretudo por cidadãos para romper o tabu da dívida soberana, que nunca se discute nem se analisa. Até pode ser má, mas há que pagá-la, porque uma divida paga-se sempre, quando, na realidade, tanto ao nível de um particular, de uma empresa ou de um Estado, uma dívida ilegitima, ilegal ou imoral é uma dívida nula. E há toda uma vasta história de anulação e suspensão dessa dívida. O que é uma dívida ilegtima? A ilegitimidade é um conceito cuja definição não se encontra no dicionário. É a forma como os cidadãos interpretam, de forma rigorosa, o respeito aos principios da nação, da construção do país e do direito interno e internacional. Uma divida ilegítima é, por exemplo, uma divida contraída porque o Estado favoreceu uma pequena minoria, reduzindo impostos sobre as grandes empresas multinacionais ou as famílias mais ricas, que assim diminuíram a sua contribuição para as receitas tiscais, obrigando o Estado a endividar-se.Esta contra- refoma fiscal aconteceu em toda a Europa e também nos EUA, com o anterior presidente, George W. Bush. Os resgates aos bancos são outro exemplo. O custo de ajudar os banqueiros. que foram totalmente aventureiros, desviando os depósitos dos seus clientes para investir no subprime, implicou um aumento da dívida soberana, que é totalmente ilegítimo. Não podiam ter sido resgatados dessa forma, os grandes accionistas não deviam ter sido indemnizados.
A dívida à troika também é ilegitima?
Sim. Foi uma dívida contraída para impor um desrespeito aos direitos económicos e sociais da população. Há uma chantagem da troika, que dá crédito para pagar aos credores, que são eles próprios e os bancos dos países do Centro europeu, e, em contrapartida, exige austeridade. Não há dúvida: é uma dívida ilegitima.
Organizou uma auditoria à divida do Equador... O que Portugal poderia retirar desse exemplo?
É uma situação diferente. No Equador, o novo presidente tinha sido eleito com o mandato de fazer uma auditoria da dívida pública, de modo a definir que parte era ilegítima e não seria paga.
Vê possibilidade de isso acontecer na Europa?
Com uma mudança de Governo, sim. Não pode ser um Governo que defende os acordos com a troika a fazer uma auditoria à divida. O descontentamento das populações pode abrir caminho a isso, mas não sei quando é que uma mudança desse tipo pode ocorrer na Europa. Os latino-americanos viveram 15 a 20 anos de neoliberalismo e de aceitação do pagamento da dívida soberana. Espero que não demoremos 20 anos na Europa.

2011-12-14

Seis sorprendentes revelaciones sobre el «gobierno secreto» de Wall Street

por: Les Leopold : aqui.

La democracia estadounidense está raptada por un gobierno secreto que muchos investigadores han identificado como siendo una poderosa oligarquía que manipula desde la sombra la esencia misma del Estado, disponiendo a su antojo e interés la riqueza financiera del país sin que ninguna institución del Estado sea capaz de someterla. Utilizando la plancha a billetes indiscriminadamente y creando riqueza de nada, esta elite sin escrúpulos ha arruinado la economía del país y ha creado la más grande burbuja especulativa de la historia, aquella del dólar, que finalizará con la desaparición de esta moneda como reserva internacional.

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Les Leopold
Les Leopold es un investigador especializado en proyectos de educación, salud, del medio ambiente y economía, fundó y fue director ejecutivo del The Labor Institute (1976) y del Public Health Institute (1986) en Nueva York, autor de The Looting of America: How Wall Street’s Game of Fantasy Finance Destroyed Our Jobs, Pensions, and Prosperity and What We Can Do About It ediciones Chelsea Green, 2009.
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Timothy Geithner (izquierda) secretario del Departamento del Tesoro de los Estados Unidos y Ben Bernanke (derecha) presidente de la Reserva Federal (Fed) fotografiados en abril de 2010, ambos son la cara visible y ejecutantes a la orden de un gobierno secreto que dispone a su antojo miles de millones de dólares.

Ahora tenemos la evidencia de que Wall Street y Washington utilizan un gobierno secreto muy alejado del proceso democrático. Mediante una solicitud según la ley de libertad de información, el público tiene ahora acceso a más de 29.000 páginas de documentos de la Reserva Federal (Fed) y a 21.000 transacciones adicionales de la Fed que se ocultaron deliberadamente, y por buen motivo. (Vea aquí en este link).

Estos documentos muestran que altos funcionarios del gobierno ocultaron intencionalmente al Congreso y al público la verdadera dimensión de los rescates de 2008-2009 que enriquecieron a unos pocos y favorecieron los intereses de gigantescas firmas de Wall Street. Lo que sabemos ahora es lo siguiente: Los rescates secretos de Wall Street totalizaron 7,77 billones (millones de millones) de dólares, 10 veces más de los 700.000 millones de dólares del programa de rescate TARP aprobado por el Congreso en 2008. El conocimiento de los fondos secretos del rescate no se compartió con el Congreso ni siquiera éste redactaba y debatía la legislación para fraccionar los grandes bancos.

El financiamiento secreto suministrado a tasas inferiores al mercado dio a Wall Street otros 13.000 millones de dólares de beneficios. (Es suficiente dinero para contratar a más de 325.000 maestros de primaria). Los fondos secretos financiaron fusiones de bancos de modo que los principales bancos crecieron aún más. El dinero también permitió que los bancos aumentaran sus trabajos de cabildeo.
Mientras Henry Paulson (secretario del Tesoro de Bush) informaba al Congreso y al público de que solo se requerían reformas menores para proteger del colapso a Fanny Mae (Federal National Mortgage Association y Freddie Mac (Federal Home Loan Mortgage Corporation), se reunió en secreto con destacados administradores de hedge funds de Wall Street –entre ellos sus ex colegas de Goldman Sachs– para alertarlos de que estaba a punto de nacionalizar las gigantes compañías hipotecarias, una acción que erradicaría casi todo el valor bursátil de las compañías. Esta información era de un valor inmenso ya que permitiría que esos hedge funds vendieran en descubierto Fannie y Freddie y al hacerlo ganaran una fortuna.

Mientras Timothy Geithner era jefe de la Reserva Federal de Nueva York, argumentó contra los esfuerzos legislativos del senador Ted Kaufman, demócrata de Delaware, para limitar el tamaño de los bancos porque el tema era «demasiado complejo para el Congreso y esas decisiones deberían ser manejadas por gente que conoce los mercados», recuerda Kaufman. Mientras tanto, Geithner era perfectamente consciente de los enormes préstamos secretos, mientras al senador Kaufman se le ocultaba este hecho. Barney Frank, quien redactaba legislación clave sobre la reforma bancaria, tampoco fue informado sobre los préstamos secretos.

No se informó a nadie del Congreso. ¿Qué significa todo esto?

1. Los grandes bancos y hedge funds tenían muchos más problemas de los que nos hicieron creer. Como muchos sospechábamos, todos los grandes bancos estaban de rodillas pidiendo ayuda –en secreto– mientras decían a sus inversionistas, al público y al Congreso que todo iba bien. Habían jugado y habían perdido. Según las reglas del capitalismo ideal, deberían haber sufrido una cierta «destrucción creativa», el valor de sus acciones eliminado por la bancarrota y sus administradores reemplazados. Todo el sistema bancario también debería haberse reorganizado de arriba abajo. En vez de eso esas colosales irregularidades recibieron recompensas en secreto.
2. El gobierno secreto de Wall Street se aseguró de que los principales bancos crecieran aún más, con la ayuda del financiamiento secreto. Mientras el Congreso discutía la legislación para fraccionar los grandes bancos y reinstituir Glass Steagall (para separar la banca de inversiones riesgosas de la banca comercial asegurada), el gobierno secreto utilizaba fondos públicos para que crecieran aún más mediante fusiones a pesar de la mala salud de todos los bancos y la legislación se derrotó fácilmente. Como muesta dolorosamente el gráfico, los bancos demasiado grandes para quebrar crecieron aún más. Activos de los seis bancos principales (en billones de dólares).
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3. Cuanto más grande llegue a ser Wall Street, más puede comprar al gobierno. Esta parte no es secreta. Cuanto más crecieron los seis bancos principales, más fondos gastaron en cabildeo para asegurarse de que no sufrirían impactos contra la rentabilidad por parte de la legislación de la reforma bancaria. Por lo tanto, mientras los principales bancos recibían cientos de miles de millones de dólares en préstamos secretos, aumentaban sus fondos de cabildeo para mantener su tamaño y su poder. Leedlo y llorad: Gastos de cabildeo de los seis principales bancos (en millones de dólares).
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4. El gobierno secreto de Wall Street protege a los suyos. Al principio cuesta comprender que el secretario del Tesoro Paulson, ex jefe de Goldman Sachs, se arriesgase a asistir a una reunión secreta con administradores de gigantescos hedge funds, muchos de los cuales solían trabajar en Goldman Sachs. ¿Cómo pudo atreverse el funcionario de finanzas más importante de la nación a dar información confidencial a esas elites de los hedge funds sobre la inminente absorción de Fannie and Freddie por el gobierno antes de informar al Congreso y al público? Bueno, una respuesta es que Paulson se sintió obligado a advertir a sus antiguos compinches de la inminente nacionalización. Tal vez quería ponerlos fuera de peligro en caso de que estuvieran fuertemente involucrados en esos mercados. O tal vez también quería darles una información muy valiosa para que se beneficiaran. Pero la explicación más profunda, creo, es que funcionarios gubernamentales clave de Wall Street, Paulson, Summers, Geithner, Orszag (el ex jefe de la OMB (Oficina de Administración y Presupuesto) de Obama, que gana millones trabajando para Citigroup), etc. creen verdaderamente lo siguiente:
* Los bancos de Wall Street son los mejores del mundo y están en la vanguardia de la economía estadounidense. Son nuestro futuro.
* Los banqueros de Wall Street y los administradores de los hedge funds son inmensamente más listos y astutos que el resto de nosotros. Merecen nuestra admiración.
* La ayuda a que Wall Street crezca y prospere es precisamente lo mismo que la ayuda a todos los estadounidenses y a toda la economía. Merecen nuestro apoyo.
* Las reuniones secretas para suministrar información confidencial son algo normal en Wall Street. No hay nada de malo si uno advierte a sus amigos de futuras decisiones políticas que podrían afectar sus beneficios. * No hay absolutamente nada de malo en el suministro de billones de dólares de préstamos secretos a los mejores y más brillantes sin informar al Congreso al respecto.

Todo es un ciclo cerrado de autojustificación y autoengaño: Wall Street es brillante. Lo que hace Wall Street es por el bien del país. Ayudar a que Wall Street tenga beneficios es bueno para el país. Ocultar la verdad a los dirigentes elegidos democráticamente también es bueno para el país porque Wall Street es brillante y lo sabe mejor.
Y de todo esto están convencidos profundamente Wall Street y su gobierno secreto, incluso si Wall Street, y solo Wall Street, derrumbó la economía y destruyó 8 millones de puestos de trabajo en cosa de meses. ¡Simplemente brillante!
5. Wall Street es un peligro evidente y presente para la democracia. Generalmente no soy alarmista. En los hechos, a menudo argumento contra teorías conspirativas complacientes. Quiero creer que nuestra democracia todavía es promisoria. Pero el crash inducido por Wall Street y la reacción del gobierno me preocupan profundamente. Las revelaciones de Bloomberg News sugieren que el gobierno secreto de Wall Street siente un profundo desdén por lo que subsiste de nuestra democracia. Las elites financieras creen obviamente que no se puede confiar en que el Congreso haga lo correcto, incluso cuando es comprado y pagado para que lo haga por los mismos bancos que supuestamente regula. ¿Y en cuanto al resto de nosotros? No somos más que una masa analfabeta en lo financiero a la que hay que manipular a través de los medios de comunicació de masas. Nuestras mentes se pueden comprar y vender mediante un marketing cuidadoso.
Esta arrogancia y corrupción financiera es enormemente corrosiva para nuestros valores democráticos. Muchos estadounidenses ya no confían en su gobierno, y con razón. Muchos estadounidenses ya no votan, y con razón. Muchos estadounidenses creen que la democracia, tal como la conocemos, es una estafa, y con razón. Wall Street no podría haber escrito un guión mejor para mantener su dominación.
6. Ocupad Wall Street básicamente tiene razón, pero no basta. Los ocupantes atacaron dramáticamente a Wall Street y capturaron la imaginación del país con su marco del 1 por ciento y el 99 por ciento. Y la idea se impone y se extiende. Pero es solo el comienzo. Para recuperar a nuestro país del gobierno secreto de Wall Street tenemos que desarrollar un enorme movimiento dentro del 99 por ciento. Aunque esperamos que suceda espontáneamente mediante Facebook y Twitter, todos sabemos que requerirá mucha organización sería que involucre a millones de nosotros. Por el momento, nadie sabe qué forma tomará. Pero sí sabemos lo siguiente: las grandes concentraciones de poder y riqueza no renuncian a su poder y riqueza sin una enorme resistencia. El gobierno secreto de Wall Street está más que listo para protegerse, aunque signifique subvertir la democracia. Nuestros ocupantes han mostrado mucho valor al ayudarnos a recuperar nuestros derechos democráticos. Esperemos que se extienda… y pronto.
Les Leopold

2011-11-29

A operação Face Oculta com rabo de fora - O BPN

Enviaram-me isto para a caixa de correio. Circula por aí. Não conheço a origem. Mas se conhecer a origem tem importância (argumento de autoridade) mais importante talvez é a razoabilidade dos argumentos e avaliarmos como encaixam no que conhecemos. E há muita coisa que encaixa.
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A operação Face Oculta destinava-se, de facto, a fazer o máximo de ruído possível para desviar as atenções do tenebroso folhetim BPN. Ainda hoje visa em parte isso mesmo, apesar de estar um pouco descaída para robalos e alheiras... Com a face oculta, valia tudo! Até escutas ilegais ao primeiro ministro - o que, num estado de Direito, deveria ter resultado no julgamento dos responsáveis pelas gravações.


A páginas tantas, a operação Face Oculta foi redireccionada, passando a visar principalmente Sócrates e o seu governo. Era preciso derrubar Sócrates e mudar de governo, porque havia gigantescos interesses em jogo e, em particular, o caso BPN prometia dar completamente cabo do PSD. Do folhetim BPN ignoram-se ainda hoje numerosos episódios. Aquilo é uma torrente de lama inesgotável.


Que eu me lembre, o agora falado caso IPO/Duarte Lima, de que Isaltino também foi uma peça fulcral, não foi sequer abordado durante o Inquérito Parlamentar sobre o BPN - inquérito a que o PSD se opôs então com unhas e dentes, como é sabido. A táctica então escolhida pela quadrilha laranja foi desencadear um inquérito parlamentar paralelo, para averiguar se Sócrates estava ou não a asfixiar a comunicação social!! Mais uma vez, uma produção de ruído para abafar o caso BPN e desviar as atenções.

Mas é interessante examinar como é que o negócio IPO/Lima foi por água abaixo. Enquanto Lima filho, Raposo e Cia. criavam um fundo com dezenas de milhões amigavelmente cedidos pelo BPN de Oliveira e Costa, Isaltino pressionava o governo para deslocar o IPO para uns terrenos de Barcarena, concelho de Oeiras. Isaltino comprometia-se a comprar os terrenos (aos Limas e Raposo, como sabemos hoje) com dinheiro da autarquia e a "cedê-los" generosamente ao Estado para lá construir o IPO. Fazia muito jeito que fosse o município de Oeiras a comprar os terrenos e não o ministério da Saúde, porque assim o preço podia ser ajustado entre os amigos vendedores e compradores, quiçá com umas comissõezinhas a transferir para a Suíça. Duarte Lima tinha sido vogal da comissão de ética (!!!) do IPO entre 2002 e 2005, estava bem dentro de todo os assuntos e tinha óptimas relações para propiciar o negócio. Além disso, construiu a imagem de homem que venceu o cancro, história lacrimosa com que apagava misérias anteriores. O filho e o Vítor Raposo eram os escolhidos para dar o nome, pois ao Lima pai não convinha que o seu nome figurasse como interessado no negócio.

Em Junho de 2007 Isaltino dizia ainda que as negociações para a compra dos terrenos em causa estavam "em fase de conclusão" (só não disse nunca foi a quem os ia comprar, claro). E pressionava o ministro da Saúde: "Se se der uma mudança de opinião do governo, o cancelamento do projecto não será da responsabilidade do município de Oeiras." Como assim, "mudança de opinião do governo"? Na verdade, Correia de Campos apenas dissera à Lusa que o governo encarava a transferência do IPO para fora da Praça de Espanha e que estava a procurar um terreno, em Lisboa ou fora da cidade, para esse efeito.

Nenhuma decisão tinha sido tomada, nem nunca o seria antes das eleições para a Câmara de Lisboa, que iam realizar-se pouco depois, em Julho de 2007. No decorrer do ano de 2007, porém, a Câmara de Lisboa, cuja presidência foi conquistada por António Costa, anunciou que ia disponibilizar um terreno municipal para a construção do novo IPO no Parque da Bela Vista Sul, em Chelas, Lisboa.

Foi assim que se lixou o projecto Lima-Isaltino: o ministro Correia de Campos não cedeu às pressões de Isaltino e a nova Câmara de Lisboa pretendia que o IPO se mantivesse em Lisboa. Com Santana à frente da autarquia e um ministro da Saúde do PSD teria tudo sido provavelmente muito diferente. E os Limas e Raposos não teriam hoje as chatices que se sabe. E Duarte Lima até talvez já tivesse uma estátua no Parque dos Poetas do amigo Isaltino.

Sabemos como, alguns meses depois deste desfecho, Correia de Campos foi atacado por Cavaco no discurso presidencial de Ano Novo, em 1 de janeiro de 2008. Desgostado com as críticas malignas do traiçoeiro Presidente, Correia de Campos pediu a sua demissão ainda nesse mês. Não sabemos nem podemos saber o que terá levado o PR a visar dessa maneira um ministro do governo Sócrates, por sinal um dos mais competentes. Que Cavaco queria a pele de Correia de Campos, foi bem visível. Por causa do fracasso do projecto do IPO/Oeiras e dos prejuízos causados ao clan Lima e à mafia laranja? É bem possível!

2011-08-06

"É inevitável Portugal sair do euro"

Desmond Lachman, antigo diretor adjunto do FMI entrevistado por Ricardo Lourenço, correspondente nos EUA (http://www.expresso.pt/ - 23:50 Sexta feira, 5 de agosto de 2011) Link
"O euro tem os dias contados" e Portugal devia ser dos primeiros países a terminar com a "tentativa fútil de permanecer na moeda única", afirma Desmond Lachman.
- Desmond Lachman: É inevitável. Portugal não vai conseguir aguentar a políticas do FMI sem grandes cortes da despesa e sem deixar o euro. Esse será o fim. A minha pergunta é: se este será o fim, porquê esperar dois anos, que se avizinham de recessão, quando já sabemos que a saída do euro é fatal? Não sugiro que o default (incumprimento do pagamento da dívida) ou a saída do euro seja uma opção fácil ou que não vai provocar dor, mas apesar de tudo e preferível fazê-lo agora do que perder dois anos. Quando olho para os números de Portugal não percebo como é que o país irá conseguir ao mesmo tempo pagar a divida e aguentar um programa de austeridade imposto pelo FMI, que resultará em recessão profunda e ao mesmo tempo em deflação, o que irá piorar tudo, aumentando o problema da dívida pública.


- Ricardo Lourenço: É mais pessimista em relação a Portugal do que em relação à Grécia?
Sim. São países com problemas diferentes, mas o que me preocupa em relação a Portugal é a sua fraqueza extrema no lado externo. Portugal tem uma dívida externa superior à grega (por percentagem do PIB). Se incluirmos o sector privado, o país deve ao exterior o equivalente a 230% do PIB. É brutal! E ainda temos o problema do défice orçamental, que não anda longe 10%. Portugal tem fraquezas enormes e eu não percebo como e que vai lidar com elas mantendo-se no euro e sem poder desvalorizar a moeda.


- Mas aparentemente isso não vai acontecer visto que o novo governo, tal como o anterior, não pensa numa solução dessas.
- Isto tudo não tem a ver com o que eles querem, mas com a realidade que irá acabar por se impor. Nesta altura, parece-me evidente que a Grécia não vai ficar conseguir cumprir com o pagamento da dívida e consequente saída do Euro. E se a Grécia falha não há forma de Portugal sobreviver às pressões dos mercados

- O Nobel da economia Milton Friedman disse em 1999 que o euro não resistiria à primeira recessão. Acha que ele estava certo?
- Nem alguém tão pessimista como Friedman acharia um dia que os desequilíbrios orçamentais chegassem a este ponto, muito além do que se esperava. Para os corrigir só saindo do euro, caso contrário podem ficar mas aí terão um futuro estilo Letónia onde os programas de austeridade sucessivos levaram a quedas de produtividade de 26% e a um aumento do desemprego até aos 26%. Se é isso que querem....

- De quem é a culpa da actual situação?
Temos de perceber uma coisa, há uma grande diferença entre o que é do interesse da Alemanha e da França e o que é do interesse de Portugal, Espanha ou Grécia. Os primeiros querem este tipo de políticas, porque querem evitar o default dos parceiros do sul, visto que o seu interesse é a protecção do seu sistema bancário. Eles sabem que se estes países falharem eles terão uma crise do sistema bancário. Eles querem por isso que Portugal, Grécia ou Espanha fiquem no sistema, algo que penso não ser do interesse desses países. Quantos às culpas, há muitas para distribuir. Na verdade, o que quero dizer é que isto é uma desgraça! Primeiro os governos dos países que conduziram políticas irresponsáveis durante tanto tempo, segundo a Comissão Europeia por não ter percebido o problema e pela sua fraca capacidade de análise, pensando que se os países periféricos arrastassem défices durante anos a fio nada aconteceria, isso foi um erro enorme. E claro o mercado. O que é que os bancos estavam a pensar quando emprestaram dinheiro a estes países a taxas de juro baixíssimas quando se percebia que eles estavam a arrastara-se para ums situação de insolvência? O que devia ter acontecido é que deviam ter subido as taxas de juro muito mais cedo e assim estes países não tinham ficado nesta situação. Por fim, o FMI, que nem sequer cheirou a crise a chegar.

- Se Portugal e Grécia saírem do Euro e o futuro da moeda única ficar em risco, quais as consequências disso para a economia mundial?
- Enormes! E não estamos muito longe desse momento. O que se passa é que Portugal, Irlanda e Grécia são economias relativamente pequenas e a União pode aguentar o seu colapso, mas o mesmo não se pode dizer de Itália ou Espanha. O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) tem 440 mil milhões e 250 foram gastos com Grécia e Portugal. Por isso, já não há dinheiro para socorrer Espanha ou Itália. A não ser que a Alemanha queira aumentar esse fundo para 1,5 ou 2 biliões.

- Com a crise em marcha em vários países (Portugal, Irlanda, Grécia), e adivinhando-se mais problemas em Itália e Espanha, o que é que devia ser feito?
- Só há uma alternativa: se a Alemanha e a França querem salvar o projecto europeu terão de injectar muito dinheiro. Eles têm de estar preparados para gastar muito dinheiro durante muitos anos. O Banco Central Europeu alertou que se a Grécia entrar em default (incumprimento) teremos uma enorme crise do sistema bancário na Europa, isto porque sabem que se a Grécia falhar, Portugal e Irlanda irão a seguir e depois a pressão sobre a Espanha e Itália será enorme. Estamos a falar de uma crise muito pior do que aquela que se seguiu à falência da Lehman em 2008/2009.

- Mas o euro ainda tem os seus adeptos.
- Seria muito agradável continuar a haver euro, mas não é possível. A partir do momento em que se criaram enormes desequilíbrios orçamentais todos sabem que eles não podem ser corrigidos dentro do euro.

2011-05-02

Salários de top no PSI 20

Os presidentes executivos das 20 maiores cotadas portuguesas viram o salário encolher 33 por cento durante o ano passado, em sintonia com o mais tímido crescimento dos lucros.
A remuneração total dos CEO ultrapassou os 15 milhões de euros, 34 por cento dos quais pagos em prémios, quando em 2009 o peso era de 47 por cento. Por dia, estes gestores ganharam 41.457 euros.

Zeinal Bava, da Portugal Telecom, foi o gestor mais bem pago e recebeu 1,4 milhões de euros num ano em que a PT aumentou os lucros 728 por cento, graças à venda da Vivo, que permitiu um encaixe de 5,5 mil milhões de euros. Tirou o lugar a António Mexia, líder da EDP, que em 2008 tinha recebido 3,1 milhões de euros devido ao facto de ter recebido prémios de desempenho acumulados de três anos. O CEO da EDP é, agora, o quinto executivo melhor remunerado do PSI 20.

A Galp pagou a Ferreira de Oliveira o segundo maior salário do índice bolsista (1,3 milhões de euros), mas o CEO não auferiu prémios. Face a 2009, a sua retribuição encolheu 15 por cento à custa de um corte na componente variável. Já o salário fixo manteve-se inalterado em 1,07 milhões de euros.

Na lista dos mais bem pagos, Ricardo Salgado, do Banco Espírito Santo (que tem uma nova política de remunerações), ocupa o terceiro lugar. Ganhou 1,2 milhões de euros e é um dos três executivos com maior peso do bónus no ordenado. Segue-se Paulo Azevedo, líder da Sonae, que ganhou 1,1 milhões de euros, 695 mil dos quais pagos como prémio.

Com crescimentos mais moderados, as cotadas retraíram-se na hora de pagar aos CEO. Os resultados líquidos do PSI20 atingiram os 10,2 mil milhões de euros, mas o lucro foi inflacionado pela alienação da posição da Portugal Telecom na Vivo, e a venda da participação da CCR por parte da Brisa.

Sem contar com estas operações, as cotadas conseguiram lucrar apenas mais 0,6 por cento o ano passado, atingindo os 4127 milhões de euros, sem interesses minoritários. Face aos lucros, os salários pagos em 2010 representaram 0,15 por cento (ver caixa).

Salário variável em queda

O peso dos prémios no bolo total passou de 47 por cento em 2009 para 34 por cento em 2010. E dos 20 gestores, oito não receberam bónus. Contudo, não significa que tenham auferido menos: a Inapa, liderada por José Félix Morgado, aumentou 15,3 por cento o ordenado fixo do CEO. Pelos cálculos do PÚBLICO, que se basearam nos relatórios e contas do PSI20, Zeinal Bava, Paulo Azevedo, Ricardo Salgado, Ângelo Paupério (Sonaecom) e Pedro Queiroz Pereira (Semapa) tiveram as remunerações variáveis mais elevadas, com valores que oscilaram entre os 553.599 euros e os 721.921 euros.

Ao mesmo tempo, oito CEO viram cair o seu salário total. A maior queda foi protagonizada por António Mexia (recebeu menos 66 por cento), seguido dos gestores que no ano passado lideraram a Cimpor. Ricardo Bayão Horta e Francisco Lacerda ganharam um total de 324.417 euros, menos 62 por cento.

Fora das contas da cimenteira portuguesa ficam ainda os valores recebidos por vários administradores a título de indemnização por terem deixado a empresa antes do final do mandato, como é o caso de Ricardo Bayão Horta, que aos 100,6 milhões recebidos até ao final de Abril juntou mais 820 milhões em compensações financeiras por sair antecipadamente. Em causa esteve uma forte recomposição accionista da Cimpor e a eleição de novos órgãos sociais.

Na Semapa, Pedro Queiroz Pereira auferiu perto de 984 mil euros, um decréscimo de 24 por cento, apesar de o lucro da empresa ter aumentado 60,7 por cento.

BCP, Brisa e REN sem bónus

Tal como no ano passado, Carlos Santos Ferreira, do BCP, não recebeu bónus e o seu salário total caiu 29 por cento. Na Brisa, e pelo segundo ano, Vasco de Mello, prescindiu de receber remuneração variável. O seu ordenado caiu dois por cento, para 483.181 euros, valor que inclui benefícios em complementos de reforma. O sector público também não teve direito a retribuição variável, por imposição governamental: Rui Cartaxo, CEO da REN, teve um salário de 340.151 euros, menos 0,45 por cento do que em 2009.

Na lista dos cinco presidentes executivos com o maior salário fixo, depois de Ferreira de Oliveira, António Mexia e Zeinal Bava, está Rodrigo Costa, o CEO da Zon que em 2010 ganhou 695.002 euros

As cotadas divulgaram em detalhe e de forma individualizada a remuneração dos presidentes e restantes administradores executivos pela primeira vez em 2009.

O tema é polémico e a imposição da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) continua a não agradar a todos. No seu relatório e contas, a Jerónimo Martins desabafa: "[O] melindre interno e externo que tal divulgação pode suscitar não contribui, na opinião do conselho de administração, para a melhoria de desempenho dos seus membros."

Carris: administração recebeu viaturas topo de gama em ano de buraco financeiro de 776,6 milhões. Carta de Marisa Moura

Exmos. Senhores José Manuel Silva Rodrigues, Fernando Jorge Moreira da Silva, Maria Isabel Antunes, Joaquim José Zeferino e Maria Adelina Rocha,

Chamo-me Marisa Sofia Duarte Moura e sou a contribuinte nº 215860101 da República Portuguesa. Venho por este meio colocar-vos, a cada um de vós, algumas perguntas:

Sabia que o aumento do seu vencimento e dos seus colegas, num total extra de 32 mil euros, fixado pela comissão de vencimentos numa altura em que a empresa apresenta prejuízos de 42,3 milhões e um buraco de 776,6 milhões de euros, representa um crime previsto na lei sob a figura de gestão danosa?

Terá o senhor(a) a mínima noção de que há mais de 600 mil pessoas desempregadas em Portugal neste momento por causa de gente como o senhor(a) que, sem qualquer moral, se pavoneia num dos automóveis de luxo que neste momento custam 4.500 euros por mês a todos os contribuintes?

A dívida do país está acima dos 150 mil milhões de euros, o que significa que eu estou endividada em 15 mil euros. Paguei em impostos no ano passado 10 mil euros. Não chega nem para a minha parte da dívida colectiva. E com pessoas como o senhor(a) a esbanjar desta forma o meu dinheiro, os impostos dos contribuintes não vão chegar nunca para pagar o que realmente devem pagar: o bem-estar colectivo.

A sua cara está publicada no site da empresa. Todos os portugueses sabem, portanto, quem é. Hoje, quando parar num semáforo vermelho, conseguirá enfentar o olhar do condutor ao lado estando o senhor(a) ao volante de uma viatura paga com dinheiro que a sua empresa não tem e que é paga às custas da fome de milhares de pessoas, velhos, adultos, jovens e crianças?

Para o senhor auferir do seu vencimento, agora aumentado ilegalmente, e demais regalias, há 900 mil pessoas a trabalhar (inclusive em empresas estatais como a "sua") sem sequer terem direito a Baixa se ficarem doentes, porque trabalham a recibos verdes. Alguma vez pensou nisso? Acha genuinamente que o trabalho que desempenha tem de ser tamanhamente bem remunerado ao ponto de se sobrepor às mais elementares necessidades de outros seres humanos?

Despeço-me sem grande consideração, mas com alguma pena da sua pessoa e com esperança que consiga reactivar alguns genes da espécie humana que terá com certeza perdido algures no decorrer da sua vida.

Marisa Moura
» Notícia que originou este meu mail em http://economia.publico.pt/Noticia/carris-administracao-recebeu-viaturas-topo-de-gama-em-ano-de-buraco-financeiro-de-7766-milhoes_1487820

Reproduzido a seguir

01.04.2011 - 10:03 Por PÚBLICO (Link)
A Carris alugou no ano passado quatro novas viaturas topo de gama para o seu presidente e administradores, suportando um valor de cerca de 4500 euros mensais com o aluguer dos veículos. A empresa pública, que tem 2010 teve capitais negativos de 776,6 milhões de euros, explica que a decisão cumpre o estabelecido pela Comissão de Fixação de Vencimentos
O relatório de contas da Carris de 2010, citado pela edição de hoje do “Correio da Manhã”, indica que o presidente da Carris, José Manuel Silva Rodrigues, e os vogais da administração Fernando Jorge Moreira da Silva, Maria Isabel Antunes e Joaquim José Zeferino receberam as quatro viaturas das marcas Mercedes, Audi e BMW no ano passado. A acrescentar a esta lista há a viatura da também administradora Maria Adelina Rocha, que conduz uma viatura paga pela empresa desde 2008.

Ao diário, a Carris indicou que os veículos foram “alugados em substituição de viaturas entretanto abatidas” e que “todas as viaturas estão regime de ALD [Aluguer de Longa Duração]”. De acordo com a empresa, o “valor mensal das rendas pagas, para as cinco viaturas, em 2010, foi de 4514 euros”, incluindo manutenção e seguro. O valor comercial das viaturas ronda os 176 mil euros. A empresa sublinha que o aluguer foi feito “em cumprimento escrupuloso do determinado pela Comissão de Fixação de Vencimentos”.

Esta semana foi divulgado que os capitais próprios da Carris estão negativos em 776,6 milhões de euros e que a administração da empresa pública teve um aumento nos vencimentos em 2010. O resultado líquido da Carris foi novamente negativo no ano passado, agravando-se para 42,3 milhões de euros.

Quanto aos custos com pessoal, a administração da Carris recebeu um total de 420.556 euros em 2010, traduzindo-se num aumento nos vencimentos dos cargos de topo de quase 33 mil euros em comparação a 2009, apesar dos cortes salariais decididos na administração pública. O presidente da Carris aufere mensalmente 6577 euros brutos. Cada vogal da administração 5727 euros.

Catos



Maior ampliação aqui

2011-05-01

Angelo Sodano ex- secretário de Estado da Santa Sé

O ex-número dois do Vaticano vive seus piores dias ao aparecer como um dos responsáveis pelo encobrimento da pedofilia.
O anterior secretário de Estado da Santa Sé, Angelo Sodano, de 82 anos, que foi um dos homens mais poderosos do Vaticano com João Paulo II, passou para um segundo plano ao deixar o cargo em 2006, embora seja decano do Colégio Cardinalício, mas seu nome reaparece cada vez mais por algo nada bom.
Com ele, está surgindo a parte escura do pontificado de Wojtyla, daquele que foi o "número dois" durante 14 anos e que personificava a Cúria mais palaciana e maquinadora. Na realidade, olhando para trás, mais do que o seu currículo, surpreende a simpatia de Sodano com alguns criminosos. De Pinochet a Maciel.

A reportagem é de Íñigo Domínguez, publicada no jornal Diario Vasco, 16-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A principal acusação contra o Vaticano no escândalo da pedofilia é a de ter encoberto os culpados nas últimas décadas. À medida que mais se fica sabendo, Bento XVI, então prefeito da Doutrina da Fé desde 1981, sai com uma imagem melhor, como alguém que tentou abordar de forma inflexível as denúncias, diante de outro setor da Cúria, mais poderoso, que optava por escondê-las.

Como Ratzinger disse, em 1995, amargurado, ao se ver impedido de agir no escândalo do cardeal de Viena, Hermann Groër, "venceu o outro lado". Ele confessou isso ao então cardeal Christoph Schönborn, que revelou isso para desmentir a suposta conivência de Bento XVI nos abusos. Mas Schönborn acrescentou, há uma semana, que "o outro lado" era capitaneado por Angelo Sodano, em uma disputa interna sem precedentes no Vaticano, que saiu à luz pública. Isso dá uma ideia das profundidades que a crise está removendo.

Mas a mácula mais grave de Sodano é a de ter sido o protetor do mexicano Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, ordem ultraconservadora potencializada por Wojtyla, que, no entanto, é agora considerado pela Santa Sé como "um delinquente sem escrúpulos". Após a investigação ordenada por Bento XVI, sabe-se que ele era um pedófilo, tinha duas mulheres, três filhos, mantinha três identidades diferentes e manejava fundos milionários. Havia denúncias contra ele no Vaticano, mas, graças a Sodano, foram engavetadas.

Doações por proteção

O jornal National Catholic Reporter, prestigiosa publicação católica norte-americana, publicou uma demolidora investigação que denuncia como Maciel havia comprado sua proteção em Roma com doações a Sodano e a outros pesos pesados da velha guarda de João Paulo II, como seu secretário pessoal, Stanislao Dziwisz, atual arcebispo de Cracóvia, e o espanhol Eduardo Martínez Somalo.

O jornal assegura que Maciel pagou a Sodano 10.000 dólares por uma palestra e lhe organizou um banquete de 200 convidados pela sua nomeação como cardeal em 1991. Maciel também contratou um sobrinho de Sodano, Andrea, engenheiro, para a construção da fastuosa universidade da ordem em Roma. Outra reputada publicação, America, dos jesuítas norte-americanos, reagiu assim: "Há um cardeal cuja cabeça deve rolar: Sodano".

É um ocaso inesperado para quem mandava tanto e, por exemplo, controlava uma boa bolsa de votos no último conclave. Mas, além disso, joga sombras sobre o mandato de João Paulo II que, de fato, já estão freando sua beatificação. Sodano, piemontês de boa família democrata-cristã, com seu pai deputado, era um dos tantos italianos vivos da Cúria que cresceram lentamente em Roma.

Ele começou na carreira diplomática e foi núncio no Chile durante a ditadura de Pinochet. Tinha com ele uma amistosa relação e foi um dos artífices da polêmica visita de João Paulo II ao país em 1987. Nela, ocorreu a famosa armadilha a Wojtyla (foto), pois lhe indicaram uma porta atrás de uma cortina e ele apareceu de repente com o ditador em uma sacada, onde os fotógrafos lhe esperavam.

No entanto, alguma coisa do carácter opaco e sinuoso de Sodano deve ter agradado João Paulo II, que lhe nomeou secretário de Estado em 1991. Em 1999, Sodano ainda se lembrava de seu amigo Pinochet e interveio em sua defesa "por razões humanitárias", quando ele foi detido em Londres. "A Santa Sé está na primeira linha quando se trata de defender os direitos do homem em qualquer área", alegou Sodano.

Em 1994, um delinquente bem próximo de Sodano, seu próprio irmão, Alessandro, foi condenado por corrupção na operação italiana Mãos Limpas. E foi ainda mais gritante, em 2008, o caso de seu sobrinho Andrea, o engenheiro. Ele era sócio de Raffaello Follieri, um executivo e playboy caloteiro que se fazia passar pelo representante do Vaticano nos Estados Unidos. Era jovem, milionário, amigo de Bill Clinton, e sua namorada era a atriz Anna Hathaway, até que foi pego pelo FBI e ficou preso durante quatro anos. Tiveram uma ideia curiosa para fazer dinheiro: comprar a um bom preço as propriedades imobiliárias das dioceses norte-americanas em falência por causa do escândalo da pedofilia.

Para ler mais:

•Depois do ataque de Viena, ''Sodano deve ir embora''
•Schönborn ataca Sodano: ''Ele não quis investigar Groër''
•O choque entre duas linhas do Vaticano
•O escândalo da pedofilia e o choque entre cardeais
•Cardeal de Viena acusa Sodano de encobrir abusos e impedir investigação
•Cardeal Schönborn ataca Sodano e exige reformas
•Vaticano, em busca de uma saída estratégica, se confia a Sodano
•Os mistérios não resolvidos da era Sodano

2011-04-18

Explicar o BCE na esplanada do café

A Primavera esmerou-se. Um sol agradável acariciava-nos na esplanada do café à beira da minha porta. A chegada do Senhor Antunes, o mais popular dos meus vizinhos, deu ensejo a uma lição sobre Europas e finanças a nós todos que disto pouco ou nada percebemos.
- Oh Sô Antunes explique lá isso do Banco Central Europeu, aqui à rapaziada do Café!
- Então vá, vá lá, só por esta vez. O BCE é o banco central dos Estados da União Europeia, como é o caso de Portugal.
- E donde veio o dinheiro do BCE?
- O capital social, o dinheiro do BCE, é dinheiro de nós todos, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuíram com 30%.
- E é muito, esse dinheiro?
- O capital social era 5,8 mil milhões de euros mas no fim do ano passado, em Dezembro de 2010, foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco.
- Então se o BCE é o banco destes Estados pode emprestar dinheiro a Portugal, não? Como qualquer banco pode emprestar dinheiro a um ou outro dos seus accionistas.
- Não, não pode.
- ??
- Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.
- Então a quem pode o BCE emprestar dinheiro?
- A outros bancos, já se vê, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses.
- Ah percebo, então Portugal, ou a Alemanha, quando precisa de dinheiro emprestado não vai ao BCE, vai aos outros bancos que por sua vez vão ao BCE e tal.
- Pois.
- Mas para quê complicar? Não era melhor Portugal ou a Grécia ou a Alemanha irem directamente ao BCE?
- Não. Sim. Quer dizer... em certo sentido... mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!
- ??!!..
- Sim os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE, de Maio a Dezembro de 2010, emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro através de um conjunto de bancos XPTO, a 1% e esse conjunto de bancos XPTO emprestou ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.
- Mas isso assim é um “negócio da China”! Só para irem a Bruxelas buscar o dinheiro!
- Neste exemplo ganharam uns 3 ou 4 mil milhões de euros. E não têm de se deslocar a Bruxelas, nem precisam de levantar o cu o rabo da cadeira. E qual Bruxelas qual carapuça. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt, onde é que havia de ser?
- Mas então isso é um verdadeiro roubo... com esse dinheiro escusava-se até de cortar nas pensões, no subsídio de desemprego ou de nos tirarem o 13º mês, que já dizem que vão tirar...
- Mas, oh seu Zé, você tem de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.
- Mas quem é que manda no BCE e permite um escândalo destes?
- Mandam os governos dos países da UE. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.
- Deixa ver se percebo. Então os Governos dão o nosso dinheiro ao BCE para eles emprestarem aos bancos a 1% para depois estes emprestarem a 5 e a 7% aos Governos donos do BCE?
- Não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas, os bancos levam só uns 2%, ou 1% e às vezes até um juro negativo. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar é que levam juros a 6%, a 7 ou mais.
- Nós somos os donos do dinheiro e nós não podemos pedir ao nosso banco…
- Nós, nós, qual nós? O país, Portugal ou a Alemanha, é composto por gentinha vulgar e por pessoas importantes que dão emprego e tal. Você quer comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado com um grande accionista que recebe 5 ou 10 milhões de euros de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.
- Mas e os nossos governos aceitam uma coisa dessas?
- Os nossos governos, os nossos governos... mas o que é que os governos podem fazer? Por um lado são na maior parte amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos. Em resumo, não podem fazer nada, senão quem é que os apoiava?
- Mas oh que porra de gaita então eles não estão lá eleitos por nós?
- Em certo sentido sim, é claro, mas depois... quem tem a massa é que manda. Não está a ver isto da maior crise mundial de há um século para cá? Essa coisa a que chamam sistema financeiro que transformou o mundo da finança num casino mundial como os casinos nunca tinham visto nem suspeitavam e que iam levando os EUA e a Europa à beira da ruína? É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a gentinha que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos a ver navios. Os governos então, nos EUA e cá na Europa, para evitar a ruína dos bancos tiveram que repor o dinheiro.
- E onde o foram buscar?
- Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. Donde é que havia de vir o dinheiro do Estado.
- Mas meteram os responsáveis na cadeia.
- Na cadeia? Que disparate. Então se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's, uma dessas agências de rathing que  classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram passados à reforma. O Sr. McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que tinha direito.
- Oh Sô Antunes, então como é? Comemos e calamos?
- Isso já não é comigo, eu só estou a explicar.

2011-04-15

A inauguração da exposição do Aljube



Jaime Gama, presidente da AR, Mário Soares, em representação da FMS, António Costa, presidente da CML, Fernando Rosas do Instituto de História Contemporânea da UNL e Raimundo Narciso do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (NAM) usaram da palavra, perante cerca de duzentos pessoas entre elas deputados e outras altas indidualidades do Estado e da sociedade civil, como Vasco Lourenço em representação da A25A ou Corregedor da Fonseca pela URAP. Seguiu-se uma visita guiada à exposição.
________________

Intervenção do presidente da direcção do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (NAM):

Em nome do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória quero agradecer a vossa presença e sublinhar quão ela revela a importância simbólica atribuída a esta exposição que exalta os valores da liberdade e da democracia e presta homenagem àqueles portugueses que, sem esperarem benefícios empenharam liberdade e por vezes a vida, na luta por elas.

A Exposição A Voz das Vítimas teve o apoio decisivo da Comissão Nacional das Comemorações do Centenário da República e da Câmara Municipal de Lisboa, contou com o apoio de outras entidades públicas e privadas e com a colaboração da RTP e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Não queria, no entanto, deixar de sublinhar que o êxito desta singular exposição só foi possível com a colaboração e o empenho pessoal do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa e da Srª vereadora da Cultura, Drª Catarina Vaz Pinto.
A participação do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória nesta exposição decorre do objecto para que foi criado e que é “a salvaguarda, investigação e divulgação da memória da resistência à ditadura e da liberdade conquistada em 25 de Abril de 1974”.
A preservação da memória colectiva é fundamental para garantir a nossa identidade como povo e nação. É nosso dever dar testemunho às novas gerações do que fizemos de melhor ou dos erros cometidos, assim como da determinação e por vezes do heroísmo, de que fomos capazes para os vencer.
Ao contrário de muitos outros países europeus que valorizaram o seu património de luta pela liberdade, a democracia e a paz o Estado português e a sociedade civil, salvo raras excepções, como o ilustra o caso presente, não têm feito o necessário para preservar a memória da luta dos portugueses no período negro que representou a ditadura que durante quase meio século afastou Portugal, da senda do progresso, dos caminhos da liberdade e conduziu guerras criminosas contra os povos das então colónias que aspiravam à independência.
O Movimento Não Apaguem a Memória, teve origem em 5 de Outubro de 2005, num protesto público pela não preservação da antiga sede da PIDE/DGS, em Lisboa.
Um momento importante do voluntariado de todos os que integram o nosso Movimento, foi a aprovação em 2008 pela Assembleia da República, com a unanimidade dos deputados, de uma Resolução Parlamentar na sequência de uma petição com mais de 6 mil assinaturas. Nessa Resolução Parlamentar afirma-se que “A Assembleia da República resolve recomendar ao Governo que crie condições efectivas, incluindo financeiras, que tornem possível a concretização de projectos designadamente a criação de um museu da liberdade e da resistência, cuja sede deve situar-se no centro histórico de Lisboa  precisamente aqui, no Aljube.

Este objectivo concreto, foi entretanto adquirido. Será esse o seu destino após esta exposição. O Movimento Cívico Não Apaguem a Memória empenhou-se nesse objectivo e assinou com a CML, precisamente em 25 de Abril de 2009, um protocolo nesse sentido. Para o seu êxito contribuiu além do Dr. António Costa o apoio do então ministro da Justiça, Dr. Alberto Costa que se disponibilizou para transferir os serviços do seu ministério que ocupavam este edifício e para o entregar à CML para esse fim.

Outro momento importante da curta vida do nosso Movimento é este, ao inaugurarmos uma exposição que presta homenagem aos muitos milhares de portugueses que,   ao longo da ditadura do Estado Novo,  tiveram de pagar um alto preço pela determinação e coragem   de lutar pela liberdade e por um Portugal melhor para todos os Portugueses. Essa luta pertinaz,   durante tantos anos, ajudou a abrir caminho para o levantamento militar dos gloriosos capitães de Abril, em 1974, aqui representados pela Associação 25 de Abril e o seu presidente coronel Vasco Lourenço.  A Liberdade e a democracia são conquistas consolidadas, mas uma sociedade mais igualitária e mais justa continua a ser um objectivo bem na ordem do dia.
A todos, convidados ilustres e companheiros do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória 
Obrigado pela vossa atenção.

A Voz das Vítimas

É o nome da exposição que se inaugura hoje, dia 14 de ABril de 2011, às 18 h, na antiga prisão política do Aljube (ao lado da Sé de Lisboa). Entrada livre. Mais informações aqui  aqui, ou aqui.
A seguir uma contribuição do Movimento Não Apaguem a Memória para o catálogo da exposição:


___________________
A exposição A Voz das Vítimas é um caso exemplar de evocação da memória da luta pela liberdade levada a cabo por muitos portugueses, de todas as condições e de diferentes credos políticos e religiosos, contra a ditadura do Estado Novo que vigorou de 1926 a 1974.
A ditadura, longa de várias gerações, tentou apagar da vida dos Portugueses e em parte conseguiu, a herança e a Memória das conquistas progressistas da Revolução Republicana iniciada em 5 de Outubro de 1910, conquistas vanguardistas na Europa de então. Tentou e em parte conseguiu apagar da memória colectiva a luta multifacetada, pelas formas assumidas e pelas ideologias presentes, que ao longo de toda a sua existência contra ela se ergueu.
O Movimento Não Apaguem a Memória (NAM) que participa com o Instituto de História Contemporânea da FCSH da Universidade Nova de Lisboa e com a Fundação Mário Soares nesta exposição, teve origem em 2005, precisamente no dia 5 de Outubro, o dia da República, momento em que um grupo de cidadãos se manifestou junto da antiga sede da polícia política, a PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, em protesto contra a transformação daquela sede num condomínio privado de luxo riscando-se assim, da cidade e da Memória, o mais emblemático testemunho do terror que reinou durante meio século em Portugal, sem a preservação de qualquer testemunho da sua história recente.
O NAM conta na sua curta história de cinco anos, algumas conquistas significativas mercê do empenho desinteressado de muitos activistas.
A primeira iniciativa de grande vulto do NAM foi uma petição ao Parlamento, com mais de 6000 assinaturas, entregue em 2006.07.26 pelo ex-Presidente da República, Mário Soares, para vincular “os poderes públicos, à preservação da memória dos combates pela democracia e pela liberdade travados durante a resistência à ditadura do chamado Estado Novo”.
Conduzido pelo Deputado Marques Júnior, um capitão de Abril, o projecto de Resolução Parlamentar teve o apoio de todos os deputados e deu origem à Resolução da Assembleia da República nº 24/2008, aprovada em 6 de Junho desse ano e que leva o título “Divulgação às futuras gerações dos combates pela liberdade na resistência à ditadura e pela democracia”

Um dos principais objectivos do NAM foi a transformação da antiga cadeia do Aljube, em Lisboa, num museu da luta pela liberdade. É um objectivo que está em vias de se realizar e terá início após terminada a exposição “A Voz das Vítimas”. Ele teve o apoio do ministro da Justiça de então, Alberto Costa, que se prontificou a transferir os serviços do seu ministério ali instalados e teve o apoio do presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), António Costa que “assumiu a posse do edifício para aí instalar o futuro museu como consta no protocolo assinado em 25 de Abril de 2009 pelo NAM e a CML.

O NAM conseguiu que na fachada do condomínio privado edificado no local da ex-sede da PIDE ficasse a placa alusiva ao assassinato pela polícia política de quatro cidadãos que participavam, no local, numa manifestação pacífica no dia da libertação do país, em 25 de Abril de 1974 e que a CML identificasse o local como o da ex-sede daquela polícia, o que foi feito com uma sinalização, em bronze, junto do edifício, numa manifestação pública, em 25 de Abril de 2010, com a participação do presidente da CML.

Outro objectivo central do NAM é criar nas imediações do local da antiga sede da antiga polícia política um memorial às suas vítimas. Decorrem neste momento contactos com a CML e com artistas que apoiam o NAM, com esse objectivo.

Entre as iniciativas levadas a acabo pelo NAM merecem particular destaque
• a realização do colóquio internacional sobre o Campo de Concentração do Tarrafal “Tarrafal uma prisão dois continentes” em Outubro de 2008. O Colóquio, realizado num auditório do Parlamento, contou com o apoio e a participação do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e do ministro da Justiça, Alberto Costa e teve a participação de ex-presos políticos portugueses, e das antigas colónias de Cabo Verde, da Guiné-Bissau e de Angola.
• E a participação no Simpósio Internacional sobre o campo de concentração do Tarrafal, realizado no próprio local do campo, sob o alto patrocínio do Presidente da República de Cabo Verde, de 28 de Abril a 1 de Maio de 2009.

A exposição A Voz das Vítimas constituirá um momento de grande relevo no esforço de preservação da Memória da luta pela Liberdade e representará, seguramente, um forte estímulo para a expansão dos objectivos do nosso Movimento.

Raimundo Narciso
(Presidente da Direcção do NAM)

2011-01-30

Those were the days, by Mary Hopkin

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Mary Hopkyn no Youtube

Letra no original e (mais abaixo) em Português

Those Were The Days

Once upon a time there was a tavern,
Where we used to raise a glass or two.
Remember how we laughed away the ours,
think of all the great things we would do.

Those were the days my friend,
We thought they'd never end,
We'd sing and dance for-ever and a day,
We'd live the life we choose,
We'd fight and never lose,
For we were young and sure to have our way.
Lalala lah lala, lalala lah lala

Just tonight I stood before the tavern,
Nothing seemed the way it used to be.
In the glass I saw a strange reflection,
Was that lonely soldier really me.

Those were the days my friend,
We thought they'd never end,
We'd sing and dance for-ever and a day,
We'd live the life we choose,
We'd fight and never lose,
For we were young and sure to have our way.
Lalala lah lala, lalala lah lala

Through the door there came familiar laughter.
I saw your face and heard you call my name.
Oh, my friend, we're older but no wiser,
For in our hearts the dreams are still the same.

Those were the days my friend,
We thought they'd never end,
We'd sing and dance for-ever and a day,
We'd live the life we choose,
We'd fight and never lose,
For we were young and sure to have our way.
Lalala lah lala, lalala lah lala

Esses é que eram dias

Era uma vez uma taberna,
Onde nós íamos tomar um copo ou dois.
Lembrar de como nos ríamos com o passar das horas,
pensando em todas as coisas que fizemos.

Esses foram os dias meu amigo,
Que pensávamos que nunca iam acabar,
Nós cantávamos e dançávamos durante o dia inteiro,
Nós vivíamos a vida que escolhemos
Nós lutávamos e nunca perdíamos,
E nós éramos jovens e estávamos certos de que esse era o nosso caminho.
Lalala lah lala, lalala lah lala

Nesta noite, eu estou em frente à taberna,
Está bem diferente do que era no nosso tempo.
No vidro vejo um reflexo estranho,
Era um soldado solitário como eu.

Esses foram os dias meu amigo,
Que pensávamos que nunca iam acabar,
Nós cantávamos e dançávamos durante o dia inteiro,
Nós vivíamos a vida que escolhemos
Nós lutávamos e nunca perdíamos,
E nós éramos jovens e estávamos certos de que esse era o nosso caminho.
Lalala lah lala, lalala lah lala

Através da porta ouço uma risada familiar.
Vejo o seu rosto e ouço-o chamar-me.
Ah, meu amigo, estamos velhos mas não estamos cansados,
Nos nossos corações os nossos sonhos ainda são os mesmos

Esses foram os dias meu amigo,
Que pensávamos que nunca iam acabar,
Nós cantávamos e dançávamos durante o dia inteiro,
Nós vivíamos a vida que escolhemos
Nós lutávamos e nunca perdíamos,
E nós éramos jovens e estávamos certos de que esse era o nosso caminho.
Lalala lah lala, lalala lah lala